Rebolem, vadias.



Tenho muito pra falar, e pouquíssimo a dizer. Cresçam. E isso não é um esporro, e sim um conselho de tia. Do auge dos meus vinte e um anos, pelo amor de deus, se transformem nas mulheres maravilhosas que vocês são. Mudem o paladar, gosto musical, jeito de vestir. Duvidem. Aprendam a rebolar, cavalgar. Se as mulheres de hoje não aprenderem a cavalgar, se não se virarem, nós continuaremos nessa merda de gaiola, torre, grade. Presas fáceis..Presas. Limitadas, assustadas. Alguém precisa pular, enfiar a porrada nos dragões de batom, saltinho, e peitinho de fora. Amor é pra dar de graça. Alguém precisa provar pra esses caras que sofrer é humano, e ser inteiro e frágil é sinal de liderança perante a dor. Alguém precisa provar pro meninos que tá tudo ok, pode sofrer, pode beber, pode chorar. Que pedir por favor não doí. Não há nada de errado em suportar, então desçam do salto sem colocar a porra da direção da vida de vocês na mão de ninguém. Dancem sem parar, acreditem. Arrasem. Levem o desejo mais a sério. Sejam agressivas com essas imposições todas. Ser mulher é bem melhor. Deixa passar o nojo e perde o medo, vai. Quebra o pavor aos pouquinhos descendo até o chão. Rebola, faz charminho, sobe devagar. Cadê o glamour? Volta, pega as tuas chaves e pague as tuas contas.. Ele só irá abrir quando você arrombar a porta. Então rebole, me ignore e invente suas próprias regras. Sutiã preto e calcinha rendada, bege, rasgada e foda-se. Não é, e não há nada além de você. Use o poder que essa natureza vulcânica te deu, e foda com todos esses problemas infantis crescendo. Faça esse favor a nós todas, joguem o cabelo pro lado e honrem a idade na identidade. Façam história.

Escrevam o diário daquelas meninas incríveis que romperam uma lista infinita de padrões irreais porque precisavam cagar e estavam fora de casa. Essas meninas, foram elas que ficaram. Alguma revista publicou que gorda não podia ir, elas foram. Despenteada também não entrava na festa, e quem diria.. Nada mais bonito pro moço do que ela, atordoada e nua, toda baratinada de cabelo pro alto.
Essas meninas são deliciosas, porque não se importam. Revoltam o mercado. Se a mídia diz não, é ai mesmo que vão lá, e sentam no meio fio. Minhas garotas não engolem, elas cospem.
 
Explodam, vocês são estrelas. A vida do mundo todinho depende da abertura dessas pernas, então, que andem. Pulem, chutem. As mesmas pernas que se contorcem, e recebem deliciosos visitantes. Estranhos inesperados, ou amantes rotineiros. Escolhas nossas. Vocês querem? Provem. Um gole só nunca matou ninguém. Aprendam a despir. Dancem. Nosso corpo nasceu prontinho pra expressar emoção, e depois das luzes apagadas, ninguém ri. O assunto é sério. Quem disse que não valemos nada, ta é coberto de razão. Nosso corpo se decompõe em dias, a gente morre sem aviso prévio, envelhece de hoje pra amanhã. Então.. Que nem fruta, que o gosto adoce a boca, e a barba roce a alma. Que os desejos se encaixem. Gaiola arrombada na marra, gatas. Passarinho escapou. Nós não cabemos mais lá. Graças a nós mesmas estamos maiores, estamos melhores. Nossos sonhos viraram planos palpáveis. E é agora que a gente assopra a vela, e rebola um pouco mais. Estamos ainda mais soltas. Vadiando com a insegurança e indo assim mesmo. Tamo metendo o dedo na ferida e a dor tem gozado desses dias cheios. Sorrisos. Esse nosso frescor de quem levantou leve e pronta. Meio nua pra arrogância do mundo, de braços abertos e peitos fartos, fortes. Exaustos de sustento. Mamilos rígidos. Sabem.. Cheguem pro lado queridos, porque, nós chegamos.



Gabriela. ♥
(E sim, tem Anitta na minha playlist. Foda-se).
 

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